A interação entre Dermatologia e Psicologia: como o estresse afeta a saúde da pele
- Thiago Barbosa
- 21 de jan.
- 3 min de leitura

A pele é o maior órgão do corpo humano e, além de ser uma barreira física contra
agressões externas, também reflete o estado interno da nossa saúde. O que muitos
não sabem é que existe uma relação direta entre a mente e a saúde da pele. O campo
da psicodermatologia explora essa interação entre dermatologia e psicologia,
analisando como fatores psicológicos, como o estresse, podem impactar a saúde da
pele.
Vamos discutir a conexão entre estresse e saúde da pele, como esse estado emocional
pode desencadear ou agravar condições dermatológicas, e a importância de um
cuidado integrado que leve em consideração tanto o bem-estar físico quanto mental.

A conexão mente e pele
A pele e o sistema nervoso compartilham a mesma origem embriológica, o que explica,
em parte, a íntima conexão entre esses dois sistemas. Esse vínculo é mediado pelo
eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal (HPA), que é ativado em situações de estresse.
Quando estamos sob pressão, o corpo libera hormônios como o cortisol, que influencia
diretamente a saúde da pele.
O cortisol, conhecido como "hormônio do estresse", tem um efeito inflamatório no
organismo. Quando seus níveis aumentam, a resposta imunológica do corpo pode ser
prejudicada, abrindo caminho para o surgimento ou agravamento de problemas
dermatológicos, como acne, psoríase, dermatite atópica e rosácea.
Principais condições dermatológicas relacionadas ao estresse:

1. Acne
A acne é uma das condições mais comuns relacionadas ao estresse. Durante períodos
de estresse crônico, há um aumento da produção de sebo pelas glândulas sebáceas, o
que pode obstruir os poros e levar ao desenvolvimento de cravos e espinhas. Além
disso, o cortisol elevado estimula uma resposta inflamatória, agravando as lesões
acneicas.

2. Psoríase
A psoríase é uma doença inflamatória crônica que pode ser desencadeada ou
agravada por episódios de estresse. Em pessoas predispostas geneticamente, o
estresse pode acelerar a renovação das células da pele, provocando a formação de
placas características da condição. Além disso, o impacto psicológico da psoríase pode
gerar um ciclo vicioso, no qual o estresse agrava a doença e a doença aumenta o
estresse.

3. Dermatite atópica
A dermatite atópica, ou eczema, também está fortemente associada ao estresse. Em
momentos de estresse emocional, o corpo pode liberar substâncias pró-inflamatórias
que afetam a barreira cutânea, tornando a pele mais suscetível à irritação e infecção.
Isso pode resultar em surtos de coceira intensa e inflamação, piorando o quadro.
4. Queda de cabelo: Alopecia areata
A alopecia areata, uma condição caracterizada pela queda de cabelo em áreas
localizadas, tem sido frequentemente associada a fatores emocionais. O estresse
crônico pode desregular o ciclo de crescimento do cabelo, levando à queda capilar
súbita.

5. Eflúvio telógeno
Outra condição de queda capilar relacionada ao estresse é o eflúvio telógeno. Ele se
caracteriza pelo aumento da queda diária de fios, notado especialmente no cabelo que
cai durante o banho ou fica preso na escova. O eflúvio telógeno pode ser dividido em
duas formas:
● Eflúvio telógeno agudo: ocorre após algum evento específico, geralmente três
meses antes do início da queda, já que o ciclo de preparo para a queda dura de
dois a três meses. Fatores como pós-parto, cirurgias (especialmente bariátrica),
infecções, dietas restritivas e, principalmente, o estresse, são gatilhos comuns
que convertem uma quantidade maior de fios para a fase de queda.
● Eflúvio telógeno crônico: apesar de também estar relacionado ao estresse,
suas causas podem ser menos pontuais, com a queda se prolongando por
meses ou anos.
Estratégias de prevenção e tratamento

Além de tratamentos médicos tradicionais, algumas estratégias de autocuidado podem
ajudar a minimizar os impactos do estresse na pele:
● Prática de exercícios físicos: a atividade física regular ajuda a reduzir os níveis
de cortisol e promove a liberação de endorfinas, melhorando o bem-estar geral;
● Sono de qualidade: dormir bem é essencial para o equilíbrio hormonal e a
regeneração da pele;
● Alimentação balanceada: uma dieta rica em antioxidantes, vitaminas e minerais
pode fortalecer a barreira cutânea e melhorar a resposta do organismo ao
estresse;
● Hidratação: beber água suficiente e usar hidratantes adequados ajudam a
manter a pele saudável e resistente às agressões externas e internas.
Conclusão
A interação entre dermatologia e psicologia ressalta a importância de enxergar a saúde
da pele de forma holística. O estresse pode desencadear ou agravar uma série de
condições dermatológicas, incluindo a acne, a psoríase, a dermatite atópica e a queda
capilar. Por isso, é essencial que os pacientes tratem não só os sintomas físicos, mas
também abordem os fatores emocionais subjacentes. Consultar profissionais que
trabalhem de forma integrada, aliando o tratamento dermatológico a abordagens
psicológicas, pode trazer resultados mais completos e duradouros para quem sofre
com esses problemas.




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